Nossa equipe teve a oportunidade de conversar com o designer, que
estará conosco no workshop “Branding: Você sabe o que é ou finge que sabe?”,
nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro. Ele nos contou qual é o papel de
branding, como é o processo de construção de uma marca e quais empresas têm uma
marca consistente.
Confira a entrevista abaixo!
"Marcas devem ter atributos que sejam verdadeiros com sua proposta, que sejam diferentes dos que existem", afirma Danilo
Rio
Moda
- Apesar do branding não ser um conceito
novo, ainda há muita dificuldade de compreensão. Como você avalia as empresas
de moda brasileiras nesse aspecto? Elas estão se saindo bem no processo de
construção de marca?
Danilo Cid - A Ana Couto Branding faz 20 anos em
2013, destes, há pelo menos 16 anos falamos em branding. Já foi bem mais
difícil esta explicação. Mas, com divulgação desta visão ao longo destes anos,
acredito sermos um dos formadores do mercado no brasil. Todo método de trabalho
que alinha estratégia de negócio com a estratégia de marca e o posterior
alinhamento de comunicação é um trabalho profundo de diversas partes da empresa.
Fala de planejamento estratégico. De construção de longo, médio prazos
principalmente. Logo, exige esforço e disciplina pra criar uma proposta de
valor relevante e ser gerida com consistência. Talvez, as marcas brasileiras de
moda mais relevantes no momento sejam aquelas que estão pensando pra além do
produto e tendência, elas pensam seu papel no mundo, porque existem e porque as
pessoas vão querer “convidá-las” a entrarem nas suas vidas. Empresas como
Osklen e Farm revelam estar bem resolvidas em seu branding.
Rio Moda - Muitas
empresas tem dificuldade de se reposicionar ou se adaptar a uma nova realidade
de mercado. Quando é necessário passar por um processo como esse? Quais são os
riscos e desafios?
Danilo Cid - Dentro de o que chamamos de
Plataforma de marca, vamos ter conceitos de longo prazo e imutáveis como a proposta
de valor e sua essência, mas também vamos ter a parte de posicionamento que é
diretamente ligada a mercado e suas necessidades. O posicionamento pode e
deve mudar dependendo das mudanças do mercado, o que não significa que a marca
deixa de ser fiel a suas crenças e essência. Então, sempre que a marca estiver
se desconectando do seu resultado, deve ter um trabalho como este. Os riscos e desafios
estão ligados a criar relevância para seus consumidores.
Rio Moda - Quais os benefícios que a construção de uma marca traz
para empresas de moda?
Danilo Cid - Para a moda
e para qualquer segmento, estão aí relacionados como benefícios: o reforço da
reputação corporativa pra atrair investimentos e colaboradores, criar uma
proposta de valor que traga relevância para todos os seus públicos, o que
possibilitaria a entrada em outros mercados, por exemplo, e por fim, o aumento
do valor de marca. Só pra citar alguns.
Rio Moda - Quais atributos uma marca deve ter?
Danilo Cid - Marcas
devem ter atributos que sejam verdadeiros com sua proposta, que sejam diferentes
dos que existem (para não ser apenas “mais uma” marca) e relevantes para as
pessoas. Tão importante quanto estes é a disciplina da gestão para criar estas
percepções com consistência na cabeça das pessoas.
Rio Moda - Em quais áreas o processo de construção de identidade
está sendo mais usado ultimamente? Política, varejo, terceiro setor, serviços,
etc?
Danilo Cid - Acho que a
relevância está em todos eles. Claro que empresas de consumo já estão fazendo
isto há mais tempo, mas empresas B2B (business to business, que fazem transações comerciais com outras empresas) vêm construindo ótimas estratégias de marca nos últimos anos.
Rio Moda - O branding pode engessar a comunicação de uma
empresa? É possível que ela fique tão presa a uma identidade que deixe de se
preocupar com que ela seja fluida?
Danilo Cid - As pessoas têm
muita informação na cabeça. De certa forma, estão anestesiadas. Se a marca
achou um território proprietário, deve ser fiel a ele. Ser consistente, no
entanto, não implica em ser engessado. Existe uma distinção entre território de
marca, que deve ser consistente, e território de comunicação, que deve ser fluido,
mas dentro de uma abordagem consistente. A Coca-Cola, por exemplo, tem diversas
iniciativas de comunicação distintas, mas sempre vai saber-se imediatamente que
é Coca-Cola. Por que isto? Porque vai ter sempre o vermelho, a onda, o contorno
da garrafa. “Freedom within a framework” eles dizem. É por isso que Tiffany não
precisa nunca abandonar seu azul, a Adidas; suas listras, e a Burberry; seu
xadrez. Estes são “equities de marca” e permitem flexibilidade com
consistência.
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