quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sustentabilidade na Moda: Sustentabilidade Cultural ou Viva a Diferença!


Sabe aquela máxima “Na vida nada se cria, tudo se copia”? Pois é, atualmente ela tem sido levada a sério demais.

No campo da moda é o que mais vemos e ouvimos ultimamente. Ouvimos nossas amigas viajantes reclamarem que compraram um vestido caríssimo em uma loja de marca brasileira, e que quando chegaram a Londres ou Nova Iorque, o mesmíssimo vestido estava por lá em uma loja de departamento por um terço do preço. Ouvimos nossas amigas estilistas reclamarem que não conseguem fazer trabalhos autorais em suas empresas, pois a regra número um é a de se “basear” em algumas “referências”. Caminhamos pelo shopping e a impressão que temos é que ele é composto pela mesma loja, as peças se repetindo a cada vitrine. Vamos para uma festa e lá estão a saia de brilho e a camisa de seda vestindo todas as meninas que de longe parecem uniformizadas.

Será que esta é uma prática sustentável?


No termo de sustentabilidade, encontramos dimensões sobrepostas. Uma tão importante quanto a outra, que integradas nos levam a um desenvolvimento realmente sustentável. Não podemos, então, nos esquecer da dimensão cultural do termo. Preservar a cultura, o diferencial local, a identidade do grupo, exaltar o trabalho autoral identificador da nossa nação, isto é ser sustentável culturalmente.

Não pense que isto é monótono e pouco vendável. Veja a riquíssima e complexa cultura de nosso país mega diverso. Monótono, chato e sem estilo próprio é o mundo inteiro seguir um mesmo padrão. Por que esta mesmice? Como vou me diferenciar da multidão? Onde foi parar aquele desejo de nos identificarmos e diferenciarmos através da nossa vestimenta?

Dentro da crise civilizatória pela qual o mundo passa, verificamos uma erosão cultural grave. Caminhamos por diversos lugares do mundo e se não paramos para pensar nem sabemos onde estamos, tamanha mesmice. É a troca que nos movimenta. Como pode ser dada esta troca sem diferenças?

Que tal voltarmos nossos olhares para nós mesmos? Que tal fazermos viagens de pesquisas no Nordeste em busca de referências ao invés de irmos para fora? Que tal olharmos para nosso próprio poder criativo ao invés de visitar a vitrine do lado? Vamos exaltar nossa diversidade e sermos nós a fonte de inspiração. Viva a diferença!


Por Ana Murad.

Imagens: Getty Images.

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