quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Em seu segundo dia, Rio Moda Discute Internacional aborda as transformações na comunicação de moda

Sob o tema "Midias Sociais na Moda", o segundo dia do Rio Moda Discute Internacional, na noite do dia 28, foi preciso: aprove ou não, o universo das blogueiras, no que diz respeito à mídia, foi a grande novidade da moda dos últimos tempos. O debate lotou o Planetário da Gávea, na Zona Sul do Rio. Alí, a assessora de comunicação Tânia Otranto, sócia da MKT Mix, a jornalista Mônica Salgado, diretora da Glamour Brasil e a inglesa Sasha Wilkins, escritora, editora e blogueira do Liberty London Girl não se prenderam em exibir novas mídias, e sim, na necessidade de compreender as mudanças trazidas pela sociedade em rede, instrumento forte para marcas, sejam elas conceituadas ou em crescimento. 

A presença constante do assunto faz com que as opiniões se dividam, sobretudo na classe jornalística, a que mais balançou diante das transformações. Se antes a relação era linear entre o cliente, a assessoria e a mídia, hoje ela se torna plural e exige criatividade para pensar os novos formatos. Por isso, a ideia limitada de assessoria de imprensa perde forças, devido a necessidade de comunicar em amplitude.

O segredo da credibilidade na web está na verdade do que é publicado. É preciso produzir um conteúdo sincero para não se perder em meio a crescente demanda. "Se o blog perde o contato com o público, ele perde isso.", afirma Sasha, que começou seu blog de maneira despretensiosa em 2006 e, após se mudar de Londres para Nova York um ano depois, passou a escrever regularmente como forma de contato com os amigos da Inglaterra. Não tardou para que percebesse uma vertente comercial por alí. Hoje, chega a ganhar seis dígitos e garante que seu background faz que  não seja apenas mais uma. "Não sou jornalista, nem formada em moda, mas há dez anos trabalhei na Condé Nast, onde era assistente. Depois de dois anos lá, eu já estava assinando o styling de capa. Eu tive bastante treinamento para fazer o que faço e é isso que importa." Sobre posts pagos, ela afirma que seja semelhante ao jornalismo, que é ditado pelos espaços publicitários. "É natural você dar crédito para não perder o patrocínio. No meu blog, acho imoral e errado ter um patrocínio e não falar sobre ele. A essência é a sinceridade com o leitor e nesse caso, é errado esconder que aquilo foi pago. Eu jamais promoveria algo que não acreditasse."


Questionada sobre o que as marcas devem fazer para serem relevantes, Sasha foi taxativa. "Criem blogs, mas não entrem em mídias sociais apenas por entrar. Contratem alguém especializado para isso. Do contrário, utilizem apenas ferramentas como Tumblr ou Pinterest, que são só de imagens. Se conectem aos blogueiros, prestem atenção na concorrência e aprenda com seus erros. Fotos são a melhor forma de comunicar, contam mais histórias. Acredito que as ferramentas de imagem sejam as mais visíveis." Sasha também aponta fashion film como uma boa aposta para o futuro deste mercado. "Há um abismo para comunicação audiovisual para a moda  Os blogs de beleza já fazem uma coisa ótima, com milhões de visualizações de seus canais de youtube."

Não há poder de comunicação mais forte do que a palavra repassada e as marcas sabem disso. Para Monica Salgado, a blogueira nada mais é do que a amiga na qual você confia e pede opiniões. E esta é a realidade de sua leitora, razão pela qual insistiu em trazer as tais "meninas normais" para a capa de julho deste ano, já esperando lidar com críticas.  A estratégia certeira aumentou consideravelmente o número de seguidores da página no Facebook e fez com que a marca Glamour sobressaísse no mercado nacional mesmo com a indústria jornalística em crise. Em apenas um ano e meio, o site da revista é o portal feminino mais acessado do país. 


No Brasil, ainda é preciso amadurecer as condições da relação entre blogueiras e marcas. Tania, que utiliza as redes sociais como ferramenta de mídia espontânea para seus clientes, afirma a clareza comercial por trás dos blogs. "O boom dos blogs se tornou negócio e isso é uma grande verdade. Muitas blogueiras vivem disso e vivem muito bem. Se a marca não colabora, está fora". Responsável pela salto na carreira do estilista Alexandre Herchovitch, que era visto como um artista underground doze anos atrás, a assessora voltou à questão da verdade também para os momentos de crise. "Acho que o mais correto é mostrar que aquilo foi sua opinião, independente do que tenha vindo" e completou com a importância de diferenciar, também nas redes sociais, pessoa física e jurídica. "O estilista pode misturar sua vida pessoal, mas uma marca tem que tomar cuidado".


por Raisa Carlos de Andrade
Colaboração: Renata Brazil

Fotos: Pedro Bucher e Jonas Vaz / Captei!

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