segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Os desafios do jornalismo de moda online

Ela é editora do site da Vogue, um dos líderes de audiência na categoria site de revista feminina. Por mês, são quase 5 milhões de page views e quase 2 milhões de visitantes únicos.

Antes, havia sido editora do canal Celebridades do site da revista Veja e, entre 2007 e 2009, editora do site Chic. Começou a carreira de jornalista de moda como repórter da revista ELLE, onde também iniciou seu trabalho em internet, em 2000, cobrindo a semana de moda paulistana, hoje chamada de SPFW.

Estamos falando da jornalista Milene Chaves, que nos próximos dias 7 e 8 dezembro, estará conosco para facilitar o workshop "Segredos do Jornalismo de Moda Online".

Nossa equipe teve a oportunidade de conversar com ela, que nos contou como é feito o jornalismo de moda nos dias atuais, com a pressão da busca de audiência e os desafios deste meio. Milene ainda revelou quais os segredos para fazer um trabalho que esteja mais próximo do que as redações esperam dos seus repórteres, e apresentou um panorama atual do mercado do jornalismo de moda online no Brasil.

Um aperitivo e tanto para o workshop!

Confira a entrevista abaixo!

"Agilidade é a palavra!" , diz Milene sobre o principal desafio da cobertura jornalística de moda na internet atualmente


              Rio ModaQuais são os principais desafios do jornalismo de moda online?

 Milene Chaves - Agilidade é a palavra. Para publicar a notícia mais rápido do que a concorrência, apurada, escrita, ilustrada e tagueada da melhor forma, aplicando as regras de SEO (técnica para otimizar resultados de busca) e em seguida fazendo a mais atraente divulgação nas redes sociais e na home do site. Haja fôlego! Na internet, é preciso respeitar (correndo) uma longa série de pequenos processos, bem diferente do escrever-editar-layoutar-revisar-imprimir do impresso. Para fazer um bom jornalismo de moda nesse meio, é preciso dominar esses processos todos além da reportagem. Muitas vezes, o jornalista de internet é o repórter, redator, designer, revisor, editor e vendedor da própria matéria.

              Rio ModaQuais as principais transformações que ocorreram no jornalismo de Moda com a chegada da internet e com o advento da cultura blogueira?

Milene Chaves - As mesmas transformações que ocorreram no jornalismo em geral: a velocidade da notícia, agora em tempo real, com resposta imediata, atualização ad infinitum e, mais, com a possibilidade de unir, em uma tela só, texto, foto, áudio, vídeo e o que mais houver, como infográficos animados. Os blogs de moda no Brasil não são em peso voltados para a notícia, nem tanto para a análise, mas para o exercício visual da moda – o famigerado look do dia. É compreensível, porque a moda não está na nossa cultura como está na dos franceses, por exemplo. Há espaço para fazer mais nos blogs.

              Rio ModaComo você enxerga o mercado de jornalismo de Moda online no Brasil atualmente?

Milene Chaves - É preciso encontrar jornalistas mais especializados no assunto, mas que gostem de internet – é um meio difícil porque exige energia e disponibilidade. A rotina é apura-escreve-publica, sempre a jato. Assim fica mais fácil errar, principalmente se quem estiver no comando do teclado for novo na área, o que acontece bastante nas redações de internet. Vejo carência de profissionais com senso crítico para diferenciar o release do texto jornalístico (ou a marca badaladinha do momento da roupa bem confeccionada etc.). Às vezes é difícil encontrar o básico: um jornalista que escreva bem. 

O site da Vogue Brasil, comandado por Milene, é líder de audiência na categoria site de revista feminina

               Rio ModaMuitas pessoas tendem a relacionar a moda à futilidade. Como você, editora do site da Vogue, um dos líderes de audiência na categoria site de revista feminina, procura combater esse preconceito?

Milene Chaves - Não chega a ser uma preocupação, porque quem acessa um site de moda quer se informar sobre o assunto. Acho que há alguma fantasia, nesse aspecto da futilidade, sobre o “glamour” da profissão. Costumo dizer que tem muito jornalista que sonha em trabalhar com moda – e que isso significa, para eles, tomar champanhe no meio do expediente e ver todos os desfiles da temporada da fila A. No último SPFW, não assisti a nenhum deles... Quem leva o jornalismo a sério é capaz de cobrir qualquer área, basta que tenha interesse nela. Na Vogue, trabalhamos muito intensamente, procurando tratar a notícia com responsabilidade, do título à legenda. Mas deixando tudo atraente – desejos e aspirações são a essência da moda, afinal. 

                Rio ModaQue conselho você daria para o jornalista que pretende ingressar na cobertura de moda online?

Milene Chaves - Acessar diariamente os sites de moda e comparar como são tratadas, em diferentes veículos, notícias sobre os mesmos assuntos – um bom exercício. Ter perfis em redes sociais e seguir veículos, marcas, blogs, modelos, personalidades. Estar a par do que acontece no mundo. Escrever bem e ser ágil para tomar decisões rápidas. Estar preparado para fazer bem mais do que jornalismo – e para mudar o jeito de fazer conforme ditar a tecnologia.

As inscrições para o workshop que Milene facilitará em 7 e 8 de dezembro podem ser feitas através de nosso site!

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