quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A importância da agenda para a moda sustentável em pauta no segundo dia do RMDI

Ontem, no segundo dia do Rio Moda Discute Internacional, o tema abordado na cúpula do Planetário foi a importância da Agenda para a Moda Sustentável. Empresários e pesquisadores exploraram os possíveis meios de negócios e o consumo consciente.

Mediado por Lilyan Berlim e Pedro Ganem, empresário e diretor da Rádio Ibiza, o talkshow contou com a participação da indiana Kavita Parmar, diretora criativa e fundadora da Maison Raasta, Beatriz Saldanha, estilista e empreendedora da Couro Vegetal da Amazônia, Tete Leal, fundadora da COOPA_ROCA, Neide Shultz, criadora do projeto ECOMODA e Pedro Ruffier, CEO da marca carioca Movin.

Confiram os principais pontos abordados durante o debate: 


Lilyan Berlim ressaltou as consequências da sociedade contemporânea consumidora do fast fashion, indústria em crescimento que gera graves impactos ambientais. A pesquisadora também salientou a importância da informação por conta da mídia, quando se trata da sustentabilidade. "Temos a visão de que a roupa sustentável é uma roupa meio hippie, tosca, mal feita. O sentido não é esse; é ser belo, sedutor. A linguagem de moda tem que estar presente. Há tanta informação equivocada por parte da mídia, até porque ela própria tem pouca informação a respeito da sustentabilidade e assim repassa informações equivocadas”, afirmou.

 
- Já Pedro Ruffier reinterou a importância da informação, desta vez quando se trata do consumidor, que precisa ser educado por falta de conhecimento. “As pessoas justamente não sabem mesmo o que significa algodão orgânico. É preciso então educar os consumidores.”, contou. 

O jovem empresário também comentou que é necessário engajamento por parte dos empresários quando se trata de moda sustentável, não apenas como produto, mas sim de toda a etapa da produção. "As empresas precisam buscar um consumo consciente, desde o fazendeiro, passando pelas mudanças de logísticas, às matérias primas escolhidas para a confecção da peça, como o pet reciclado”, ressalta. 


- Beatriz Saldanha comentou sobre o impacto do fast fashion na socidade contemporânea. “Hoje existe o fast fashion, mas há pouco tempo atrás não era assim. Isso é uma tendência de comportamento, ou seja: as pessoas querem coisas rápidas, fugazes, que satisfaçam uma necessidade imediata.  O que vem na contra corrente é o slow fashion”. 

A empreendedora afirmou a necessidade de sedução do produto sustentável, que precisa atrair o desejo assim como uma peça de fast fashion. “O consumo rápido gera prazer instantâneo. O nosso trabalho é  espalhar essa onda boa, o prazer de saber o material que você está usando, de onde vem o tecido”, afirmou. 

Os recursos finitos também foram abordados por Beatriz, que ressaltou a importância da sustentabilidade neste momento. ”O mundo caminha por uma questão de eficiência, e as pessoas começam a se dar conta de que os recursos vão acabar. Dessa forma, a sustentabilidade no futuro não será mais uma opção, mas sim uma obrigação, porque em algum momento essas fontes vão se esgotar”.


- Pedro Ganem comentou o surgimento do fast fashion. “Se formos pegar as top 15 marcas de sucesso no fast fashion, talvez apenas duas delas tenham mais de 10 anos. Ou seja, elas não tiveram contato com a história do slow fashion, do artesão,da máquina de costura em casa”. 

E ressaltou a importância do slow fashion. “O consumo rápido é alimentado por uma onda de prazer, mas temos que também precisamos compartilhar com as pessoas que o slow fashion também pode gerar prazer. Como então jogar essa onda e ir no contra fluxo?”, questionou.


- A indiana Kavita Parmar comentou a importância das mídias sociais em apoiar a sustentabilidade e a sua divulgação. “Hoje em dia temos uma constante necessidade de contar histórias (vide as mídias sociais). Temos então que tornar as histórias do slow fashion mais atraentes”, afirmou. 


Fundadora da cooperativa COOPA_ROCA, Tete Leal questionou a falta de apoio governamental na causa. “O que existe de proposta do poder público para fortalecer esse desenvolvimento sustentável? No Brasil o que existe de fomento, política pública, para que as pessoas se engajem? Deveria haver mais crédito para a produção por exemplo e menos para o consumo. Os desafios são gigantescos, mas nem por isso as coisas são menos interessantes” afirmou. 

Otimista, ela disse que mudanças são possíveis. “A gente olha hoje pra indústria da moda e pensa que é o único modelo possível de produção e consumo, mas isso não é verdade, esse sistema pode ser mutável sim”.


- Neide Schultz comentou a dificuldade do acesso à informação de moda sustentável, ausente nas grades curriculares das faculdades brasileiras. A pesquisadora afirmou que há um longo caminho a percorrer, mas que avanços já podem ser notados. “Alguns alunos que se formaram e que passaram pelo ECOMODA já estão trabalhando com moda de maneira sustentável, realizando um sistema de moda diferente”.


O Rio Moda Discute Internacional segue hoje, em seu terceiro dia, com atividades pela manhã e tarde, e das 19h às 21h, será realizado o talkshow "Estratégias em Moda Ética", que abordará o conjunto de estratégias do setor de Moda para a sustentabilidade.

Haverá inscrições na bilheteria do Planetário a partir das 18h!

Por Antonio Pedro Guido.

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