sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Em seu último dia, RMDI 2013 mostra que o êxito no branding está mais perto do que as marcas imaginam

O último dia do Rio Moda Discute Internacional 2013 trouxe estratégias de branding para o varejo de moda. Carlos Mach, gerente de branding da Farm, Paulo Corrêa, Vice-Presidente comercial da C&A, e Lenny Niemeyer participaram do evento, falando sobre as formas que encontraram para sobressair seus produtos e se estabelecer no país. Mais uma vez, a sinceridade com o consumidor foi posta em voga. Nos três casos, encontrar a identidade foi resultado de uma busca interna, uma grande pesquisa cognitiva aliada à realidade de seu nicho mercadológico. Nem sempre o que funciona no mercado internacional será reproduzido com o mesmo sucesso no Brasil. 

Há dez anos à frente da Farm, Carlos Mach percebeu que a necessidade das marcas se entenderem como alguém, com suas particularidades e características. A partir disso, o caminho natural é encontrar a essência. "A Farm compreendeu o estilo de vida da garota carioca. A gente, como profissional da moda, tem influência no mundo. É importante começar sempre provocando um pouco de pensamento, de reflexão", contou.  Ele, que costuma apelidar seu trabalho de bra(i)nding, enxerga sua função como um catalizador de ideias de todos os departamentos da empresa. Desde o estilo à arquitetura. "É como um trabalho de costura. Acredito que a inspiração venha de dentro para a fora e isso tem muito a ver com o ambiente de trabalho. Via muitos escritórios conservadores e no nosso caso não é assim, é inspirador. Trabalhamos com criação, tem que ser livre. Brinco que estudei comunicação e fiz mestrado nos anos de análise." O êxito, para a Farm está creditado na combinação da intensão de fazê-lo e a emoção de realizá-lo.


No caso da Lenny, a personalidade da estilista se transpareceu na marca de maneira espontânea. "A marca começou por hobby, com a estilista fazendo biquíni para as amigas. Durante 11 anos, funcionamos como fornecedores de outras marcas e só depois disso resolvi montar minha primeira loja. Nunca imaginei ter uma com o nome Lenny, achava até feio. Foi bom no começo, fui descobrindo um estilo, mas chegou um momento em que as coisas poderiam crescer mais. Minha marca não tem um estilo, é o meu estilo. Fui lidando com isso no decorrer dos anos e assumindo que era isso mesmo.", conta a estilista, que mesmo depois de 22 anos, afirma que ainda está encontrando seu público e prefere acreditar no seu gosto pessoal.  "Muita pesquisa acabou me confundindo. Eu vou na intuição mesmo." No seu caso, a aposta deu certo pelo ambiente em que sempre viveu. Seu público faz parte do seu espaço e por isso as referências fluem de maneira orgânica. 


Já a C&A, empresa multinacional com 1500 lojas no mundo, sendo 260 (com previsão de mais 30 a serem abertas) no Brasil, precisa lidar com a moda de maneira democrática. "É um posicionamento de marca em cada país. No Brasil, a marca é mais jovem, nossa preocupação é trazer a moda para a mulher brasileira, que é uma mulher sensual, guerreira, forte e quer causar. A ideia é dar acesso." Há nove anos na marca, Paulo contou que seu trabalho está fundamentado em três pilares. "O primeiro é a relevância, o segundo é a consistência e o terceiro é a autenticidade. Só se fala do que se acredita. Tudo na marca é branding, desde o caixa ao visual merchandising. Tudo tem que caminhar junto."


Em sua segunda edição, o evento contou com a presença de uma série de profissionais da moda. Filipe Xavier, gerente de marketing da Totem. "A principal função deste evento é proporcionar uma discussão. Você sai daqui, conversa com uma galera sobre o que está acontecendo, se o cenário atual é uma coisa que você concorda ou se prefere seguir por um outro caminho. Acho que vou aproveitar muito o que foi dito no primeiro dia, para procurar apresentar coleções de forma mais inovadoras por conta das semanas de moda do Rio. O custo é muito alto e o esforço muito grande. Para nós, desfile deixou de ser prioridade." Igor Frossard, do marketing digital da Dress To comentou sobre a possibilidade de observar outras marcas. "O Carlos Mach é o máximo, acho que vai ser aproveitada muita coisa. Mesmo que não dê tempo para discutir muita coisa, levo muita coisa para o meu trabalho, de outras marcas. A gente acaba entendendo melhor". Juliana Santos, também do marketing da Dress To, acredita que eventos deste porte sejam fundamentais para compreender melhor o mercado. "Não tinha grandes expectativas. É muito bom para pensar outras coisas, ter uns insights. Você entende em que pé tá o meio, observa as outras marcas e como as pessoas estão trabalhando."

Fundadora do Instituto Rio Moda, Alessandra Marins agradeceu aos apoiadores que proporcionaram o talkshow e anunciou novas propostas de formação profissional, o primeiro programa de longa duranção com a FGV, para 2014. 


Por Raisa Carlos de Andrade
Colaboração: Renata Brazil

Fotos de Jonas Vaz e Pedro Bucher / Captei!

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